Quais São as Verdadeiras Dores dos Líderes Brasileiros? Por Marco Antonio Lampoglia
- Dr. Marco Antonio Lampoglia, MSc
- 2 de jun.
- 2 min de leitura
A liderança brasileira sangra em silêncio — mas prefere mascarar suas feridas com discursos de alta performance e resultados. A maioria dos líderes não está no comando. Está na defensiva, apagando incêndios, acumulando pressões e representando um papel.
Chega de eufemismos. Está na hora de nomear as dores reais da liderança no Brasil — aquelas que não aparecem nos relatórios de metas, mas destroem resultados por dentro.
1. Medo disfarçado de cautela
Segundo a Deloitte (2024), 64% dos líderes brasileiros evitam decisões ousadas por medo de exposição ou falha. Mas chamam isso de “prudência” ou “gestão de risco”.Na prática, é paralisia estratégica. A aversão ao erro criou culturas onde ninguém arrisca, ninguém inova — e todos fingem que está tudo sob controle.
2. Isolamento voluntário
O estudo “Solitude and Leadership” do Center for Creative Leadership revela que mais de 58% dos líderes se sentem solitários no cargo.Mas muitos escolhem se isolar. Evitam escutar, blindam-se de feedbacks, cercam-se de bajuladores ou de silêncio organizacional. Isso não é solidão — é fuga emocional.
"Líder que não escuta constrói paredes em vez de pontes."
3. Falta de autoconhecimento
A Fundação Dom Cabral destaca que apenas 1 em cada 4 líderes brasileiros tem clareza de seu perfil comportamental e de seu impacto no time.Ou seja: muitos líderes confundem firmeza com arrogância, resiliência com insensibilidade, e comando com microgestão.
“Se você não entende a si mesmo, não lidera. Comanda.” — Edgar Schein
4. Alta competência técnica, baixa inteligência emocional
O relatório “O Futuro da Liderança no Brasil” da Korn Ferry (2024) escancara:
74% dos líderes foram promovidos por performance técnica
Apenas 23% receberam capacitação comportamental ou emocional real
O resultado? Chefes que sabem muito de planilha, mas pouco de gente.E como bem diz Daniel Goleman, “Inteligência emocional é o fator que mais diferencia líderes medianos dos excelentes.”
5. Exaustão silenciosa
A PwC Brasil (2023) aponta que 67% dos executivos apresentam sinais de burnout — mas continuam operando como se fossem máquinas.Há um culto à produtividade que nega o descanso, a reflexão e a humanidade. Liderança virou um ato de sobrevivência, não de inspiração.
A pergunta que ninguém faz: o que você está fingindo que não sente?
Essas dores não são fraquezas. São sintomas de um modelo de liderança ultrapassado, hierárquico, controlador e emocionalmente analfabeto.
O que falta?
Autoconhecimento
Coragem para ouvir e mudar
Ambientes onde vulnerabilidade não seja punição
Formação contínua em competências humanas
Reflexão Final
Liderança não é sobre mandar. É sobre transformar. Mas quem não transforma a si mesmo, transforma o quê?
Você é um líder funcional ou um transformador? A resposta está na coragem de enfrentar suas dores antes de apontar as dores dos outros.

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